Sempre
gostei de super-heróis. Até os sete anos, eu queria ser um super-herói. Tipo
aquele menino trajado de Flash do filme
“A creche do papai”. Num dia, eu era o Lion
dos ThunderCats e saía quebrando as
plantas da casa de vovó com a minha espada de brinquedo. Noutro, eu era o Black Kamen Rider, de cinto e cueca
pulando pelo quintal.
—
Anda, Ricardo! Vem tomar banho!
—
Eu não sou Ricardo, sou Jaspion! — e começava a lutar com o MacGaren invisível.
Houve um tempo em que, na hora do almoço, assistíamos a repises
d’Os Trapalhões. Eu amava um episódio no qual Didi, interpretando Superman,
vive situações hilárias: voa pelos céus e, como na cena clássica, é confundido com pássaro, avião, foguete e, por fim, "um palhaço voando"; não consegue brecar e quebra uma janela; e quando disfarçado de Clark Kent, é chamado de "Super-homem" por todo mundo. Foi daí que me veio a ideia de ser o próprio
homem de aço. "Ora, se Didi Mocó pode, eu também posso.". Improvisei uma capa com uma toalha de banho e vesti uma cueca por
cima do calção vermelho do uniforme da escola. Subi numa cadeira da cozinha,
escalei o tanque de lavar roupa e alcancei uma mesa bem alta da área de
serviço. De lá, fiz o primeiro e último voo de minha carreira heroica. Com um
galo na testa e o queixo ferido, descobri qual era a minha kryptonita, sem precisar enfrentar Lex Luthor.
Cena do humorístico Os Trapalhões, episódio "Didi Super-herói" |
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