12 de out. de 2015

REC #10 (PARTE 2): O Super-Homem Trapalhão

Sempre gostei de super-heróis. Até os sete anos, eu queria ser um super-herói. Tipo aquele menino trajado de Flash do filme “A creche do papai”. Num dia, eu era o Lion dos ThunderCats e saía quebrando as plantas da casa de vovó com a minha espada de brinquedo. Noutro, eu era o Black Kamen Rider, de cinto e cueca pulando pelo quintal. 
— Anda, Ricardo! Vem tomar banho!
— Eu não sou Ricardo, sou Jaspion— e começava a lutar com o MacGaren invisível.
Houve um tempo em que, na hora do almoço, assistíamos a repises d’Os Trapalhões. Eu amava um episódio no qual Didi, interpretando Superman, vive situações hilárias: voa pelos céus e, como na cena clássica, é confundido com pássaro, avião, foguete e, por fim, "um palhaço voando"; não consegue brecar e quebra uma janela; e quando disfarçado de Clark Kent, é chamado de "Super-homem" por todo mundo. Foi daí que me veio a ideia de ser o próprio homem de aço. "Ora, se Didi Mocó pode, eu também posso.". Improvisei uma capa com uma toalha de banho e vesti uma cueca por cima do calção vermelho do uniforme da escola. Subi numa cadeira da cozinha, escalei o tanque de lavar roupa e alcancei uma mesa bem alta da área de serviço. De lá, fiz o primeiro e último voo de minha carreira heroica. Com um galo na testa e o queixo ferido, descobri qual era a minha kryptonita, sem precisar enfrentar Lex Luthor.

Cena do humorístico Os Trapalhões, episódio "Didi Super-herói"

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