6 de out. de 2015

REC #5: Tem Vaga-Lume na biblioteca

Quando entrei no ginásio, a série Vaga-Lume começou a fazer parte da minha rotina de leitura. Dividindo espaço com mangás/gibis, guias sobre Pokémon e revistas de mulher nua contrabandeadas. Toda vez que a gente dava cabo de um daqueles romances, a mando da professora de português, tinha que responder o “Suplemento de Trabalho”, questionário com umas quatrocentas perguntas sobre a história, cujo objetivo era “verificar” a leitura dos alunos. E dar uma nota. Se não valesse nota, ninguém lia. Na quinta série, quando saquei que o esquema era “um paradidático por unidade”, tratei de adiantar os suplementos. Fiz os dois restantes numa tarde e tirei aquilo da cabeça. Respondi tudo lendo só a sinopse da quarta capa e olhando as ilustrações do miolo. A terceira unidade começou e o Vaga-Lume da vez foi Tem lagartixa no computador, de Marcelo Duarte. Fiquei sossegado, já estava cumprida a tarefa. Mas, contrariando a lógica, a pró mandou a turma apresentar o enredo oralmente no dia da avaliação. O encarte de questões valeria apenas metade da nota. E agora? Mandei brasa:
— Tem lagartixa no computador conta a história de uns meninos que estavam trabalhando com um computador e descobriram que tinha uma lagartixa dentro...
Não é bem assim a história, lógico. Mas o embromation valeu alguns décimos no fim das contas. Nas férias daquele ano, por iniciativa própria (reforçada por gentis advertências do chinelo de mainha) li os dois romances cabulados. E mais alguns, da mesma coleção, que encontrei lá em casa. Ficava numa felicidade danada ao terminar. E quando, enfim, comecei a ler os clássicos (por obrigação, ou deleite), percebi a importância que aquelas leituras preliminares tiveram.

Meu exemplar autografado de "O Fantasma de Tio William" (série Vaga-Lume, 2005), 
de R. F. Lucchetti. E o respectivo "Suplemento de Trabalho".

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