Nos anos noventa, nudez
na tevê era a coisa mais comum do mundo. Tinha gente seminua nos programas
infantis. Tinha gente seminua nos programas de auditório. Tinha gente seminua
em programa de culinária. E tinha muita gente semi e nua na transmissão do
carnaval. A Banheira do Gugu, atração
do programa dominical quase homônimo, começava domingo à tarde e contava com
uma multidão de “artistas” seminus pegando sabonete, se pegando e pagando o
máximo de partes do corpo possível. Mas a coisa toda não chamava minha atenção.
Eu via, achava engraçado às vezes. Até imitava o apresentador: “Valendooo!”, mas
não maldava. De verdade. Só que o tal quadro perdurou. Perdurou. Perdurou.
Tempo suficiente para minha voz ficar mal sintonizada. Eclodiam as primeiras
erupções em minha cara quando, num domingo, procurando qualquer coisa na
carteira de meu pai, uma moeda talvez, encontrei um objeto que mudaria para
sempre o rumo da humanidade. Pelo menos na minha perspectiva. Um calendário de mulher nua. A foto não era das mais explícitas, eu saberia depois. Mas,
para um saco de hormônios de 11 anos e meio, de olhos curiosos e que ficava
corado com a seção de lingerie da Revista Hermes, aquele retrato (com os meses
e dias de 1998 no fundo) era o ápice da pornografia impressa. Eu já sabia (mais
ou menos) como as engrenagens rodavam neste departamento, tive aulas esclarecedoras
no colégio e cantava de cor os clássicos Coca-Cola
Espumante e Mariazinha Danada. Mas
nem as aulas, nem a cantoria desbocada faziam aumentar o volume da cueca Zorba no
embalo do coração que quase saíra pela boca. Aquele calendário, sim. Foi aquela
foto que mudou a forma como eu folheava os catálogos, via a Banheira do Gugu e,
é claro, encarava o sexo oposto.
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Luiza Ambiel, Tiririca (dos tempos de Florentina de Jesus) e a Banheira. Créditos da imagem: Veja. |
2 comentários:
Kkkkk Quanta lembrança... Os olhos não piscavam diante da TV.
Velhinho muito show heim! To curtindo bastante!
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